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Em nome da sociedade que vê você, agente penitenciário, ou melhor, que apenas ouve sobre você no noticiário do horário nobre, quando a manchete do jornal é rebelião e quando você é refém dentro de um presídio sendo a minoria das minorias e tentando ter fé no momento do desespero por poder deixar o mundo sem dizer ao filho que o ama. Em nome dessa sociedade que apenas houve sobre você e ignora a sua dor porque seu nome mal é citado, quanto mais a sua função, aqui vai meu agradecimento pela sua coragem.

Não apenas pela sua coragem, porque nem apenas de coragem vive um homem que faz parte desse sistema penitenciário brasileiro débil e falho. Agradeço pelo serviço prestado, não importando se o Estado, ora o Estado, tem lhe dado estrutura para exercer sua função, e convenhamos nós sabemos que não. E você ainda assim cumpre seu turno de horas ininterruptas de alerta extremo, ao lado da cela, aberta ou fechada. Ao lado do preso, apenado, bandido, desviante.

Obrigado pelo trabalho prisional, a tal ressocialização idealizada pela Lei de Execução Penal. Fadiga fácil, fraqueza, mal-estar, esgotamento, físico, apatia, instabilidade, descontrole, agressividade, depressão, angústia, palpitações cardíacas, suores frios, tonturas, vertigens. Memórias indizíveis de momentos que se repetem dentro da mente. Momentos apenas seus. De terror. Obrigado por aguentar a tortura do cumprimento da função... pela nação? Pelo pão, pela família, perto Deus, por si mesmo.

E sem ironia, me desculpe, querido agente, por cegar os sentidos ao desespero seu de cada dia, enquanto cuido da minha vida e me espanto com o jornal que conta da apreensão do entorpecente, mas não revela os amigos ASPs assassinados. Que dirá os que se suicidam.

Um minuto de silêncio, uma hora de silêncio, uma vida de silêncio por todas essas vidas. Nada seria suficiente. Hoje, Agente de Segurança Penitenciário, eu, em nome da sociedade olho para você, diretamente nos seus olhos e grito. Um grito surdo que clama para que o Estado o veja, como eu vejo agora: um ser humano.

Saudemos os ASPs. Salvemos os ASPs.

 

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